“Ao curvar-te com a lâmina rija de teu
bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este corpo nasceu do amor
de duas almas; cresceu embalado pela fé e esperança daquela que em seu seio o
agasalhou, sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens; por
certo amou e foi amado e sentiu saudades dos outros que partiram, acalentou um
amanhã feliz e agora jaz na fria lousa, sem que por ele tivesse derramado uma
lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome só Deus o sabe; mas o
destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que por
ele passou indiferente. Tu que tivestes o teu corpo perturbado em seu repouso
profundo pelas nossas mãos ávidas de saber, o nosso respeito e
agradecimento"
Karl Rokitansky (1876)
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